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Acreditar… é o primeiro passo

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Day 1: Um primeiro passo, precisa de muita coragem…

 

Vamos as apresentações. Mulher de 41 anos, mãe, esposa, amiga e empreendedora. Conseguem ver o filme?

Nasci na Venezuela, de pais madeirenses. Nem sempre fui uma pessoa muito animada, até posso dizer que era bastante tímida. Andava debaixo da assa da mamã pois tinha muitas inseguranças: menina não muito popular na escola, com um corte de cabelo esquisito, sardas e come livros, o pesadelo de qualquer adolescente.

Houve um momento que marcou a minha vida na adolescência, pelos 12 anos de idade (digamos que fiquei desiludida com algumas descobertas) e isso iria mudar o rumo das coisas. Deixei de preocupar-me por ser uma menina sossegada, pelo menos não o tempo todo. Foi quando comecei a utilizar Make Up, quis fazer uma permanente e deixar o meu cabelo rebelde (sim, fiz uma permanente e parecia um Puddle). Passei pela fase de vestir de negro e ouvir música Tecno até estoirar os ouvidos da malta que estava a volta, especialmente dos meus pais.

Sempre fui competitiva. Estudava muito para estar no Topo, corria para ser a primeira a chegar, queria fazer mais e chegar mais longe. Cada tarefa e cada atividade, tinha 100% da minha atenção, sempre dei tudo e excedi até os limites que conhecia de mim própria, mas não parecia nunca o suficiente, queria mais, ambicionava por mais e ser mais e melhor. Mas porquê?

Casada com um homem fantástico. Bom, não é Príncipe Azul, não veio num cavalo e também não estava charmosamente vestido como um. Quem no seu santo juízo vai a um primeiro encontro com uma rapariga com camisola de cavas e chinelos? Fiquei chocada confesso! Demorei uma hora a escolher que roupa iria levar e ele aparece-me no cinema de chinelos! Ao menos se lembra da minha saia cor-de-rosa fofinha.

Temos 2 filhas, Ana e Eva. Lindas e inteligentes, amorosas, traquinas que se fartam, e muito teimosas, mas são a luz da nossa vida.

Ser mãe… bom, deve ser a tarefa mais difícil que me tocou empreender! Metade do tempo não sei o que fazer e estou perdida no espaço, outra parte do tempo, acho que meti água! Mas quando algo de surpreendente acontece, olho para o espelho e digo a mim própria… Yeah, estou a criar umas meninas com garra! Dou-vos um exemplo: querem um conselho da minha filha para lidar com gente parva? Então tomem nota: mãe, se aquela pessoa chateia-te com parvoíces, ignora-a, e se o faz por e-mail, não respondas, vai fartar-se de ser chata e vai chatear a outro! Simples ah!!

Ser esposa. Pronto, aqui meti água, mesmo, mas não meti água sozinha. Não foi sempre assim pronto, também não me vou cravar logo na cruz! Pois sem filhos, saíamos para tudo lado, viajávamos, jantávamos juntos, íamos ao cinema. Nasceram as nossas filhas e passamos a ser principalmente pais. E deixamos de namorar com tanta frequência. Também é verdade que não temos os avós aqui ao lado para deixar as miúdas como afortunadamente têm muitos casais. Façam como digo e não como faço, NÃO DEIXEM DE NAMORAR!. É preciso continuar a namorar e quanto mais melhor. Mas sei que ambos continuamos a amar um ao outro, re-casamos há pouco tempo numa cerimónia fabulosa no meio da floresta de Sintra. Mas é necessário reforçar isso mais seguido…. (Vou escrever 100 vezes estas frases para ver se entra lá na cabeça).

Amiga. Bem, considerando que as minhas melhores amigas de juventude moram em tudo lado menos aqui em Portugal e que tenho mudado de casa tantas vezes desde que cheguei a este país, posso afirmar que não, não tenho muitas amigas. Falo com todo o mundo, porque adoro uma boa conversa e gosto muito de pessoas. Mas gosto de algumas mulheres, cada uma com o seu estilo, pelas quais tenho admiração e que considero amigas. Que não são as amizades de antigamente, de ir as compras, a jantares e de férias juntas… não, pois as conheço há pouco tempo. Todas somos mães com muitas responsabilidades, mas sei que conto com elas como elas contam comigo para o que for.

Empreendedora. Caldo entornado… ou não. Eu nunca soube como parar quieta. Quando estava na Escola Primária, já fazia umas pulseiras com os nomes e vendia aos amigos, com 7 anos!. Com 15 anos já vendia eletrodomésticos. Procurava mais do que um emprego, batalhava as entrevistas, não deixava passar as oportunidades. Até a oportunidade de morar em Portugal, eu segurei com força.

Sempre gostei tanto de crianças, tenho um fascínio pelo sorriso duma criança, e não tenho como ficar indiferente as tristezas que muitas vivem. Pudesse eu ter uma varinha mágica e dar uma refeição quente aos que nada comem, água aos que caminham horas para encher um balde, ou um colinho seguro aos que só conhecem a guerra e a dor… mas não tenho essa varinha mágica, então estou determinada a fazer alguma diferença entre as que conheço e tenho próximas.

Começo por ensinar valores as minhas meninas: da honestidade, de amor, sobre a importância da família, do respeito, da cooperação. A gostar de pessoas e fazer o bem, sem olhar quem. Ensino-lhes que, podemos voar alto, muito alto e que não temos limites. Mas que para conseguir alcançar os nossos sonhos, temos de lutar, de esforçar-nos e ser muito corajosos. E que jamais podem aceitar que não é possível porque alguém diga que são meninas, porque as meninas são uma força da natureza e como tal são poderosas.

Já vós comentei que gosto muito de crianças. Sonhei um dia, há muitos anos, com um espaço super especial, colorido, cheio de magia e gigantesco onde crianças e adultos se divertissem a valer. O gigantesco pois… excedia o meu humilde orçamento… e lá foi ficando na gaveta.

Nasceu a primeira filha e aprendi a fazer Bolos de Aniversário. E como também já disse, não deixo passar oportunidades. Quando dei por mim, estava com muitas reservas e aos tombos sem perceber para onde ia (meninas, se querem empreender não façam como eu, aos tombos, organizem-se).

Nasceu uma segunda filha então a coisa ficou complicada. Os meus horários eram desastrosos, 2 e 3 horas de descanso noturno. Que caótico!!! Deve ser por essa falta de descanso que meti o dedo na batedeira. Sim, aquele aparelho é um perigo, não experimentem, isso é só para totós que não estão no tempo presente a desfrutar do que estão a fazer mas a pensar noutra coisa qualquer, normalmente nas tarefas que ainda faltam e que não vou vão fazer nessa altura. Acredito que está a pensar, ahh pois… é verdade, as vezes não sei que tão bem lavei os dentes! YEAP, junte-se ao clube.

E com o dedinho lá foram surgindo outras coisas e puf, lá veio o chato do médico dizer: menina, você não pode continuar com esta atividade… chorei e chorei e chorei sem saber como ia fazer para sair daquele caos de 7 anos de vida.

Fui a gaveta e vi o meu belo projeto, ali, sentadinho. Posso jurar que fez-me olhinhos e acenou com uma mãozinha: Estou aqui, estou aqui, tira-me, tira-me da gaveta. Olhei para ele e uma luz atingiu os meus olhos. Siiiiiiiiiiiiim, já sei o que fazer. Mas espera ai… vou trabalhar também os fins-de-semana e vou perder estar com as minhas filhas? Não posso… não dá, não tenho coragem… veio outra vez o choro e o choro (ainda anda por ai).

Mas… amigas… de quê serve termos ambições, sonhos, de ser mais e melhor, de poder fazer mais e chegar a mais pessoas, se tudo isto vai ficar numa gaveta. Para quê? Para amanhã dizermos que não estamos realizadas porque sacrificamos tudo pelas pessoas que amamos? Tamanha responsabilidade mandamos para os outros, não? Como vou ensinar as minhas filhas que devem lutar pelos seus sonhos se o meu fica no esquecimento? Estamos sujeitas a ter uma resposta destas: mãe fizeste isso porque quiseste, ninguém obrigou-te a nada…

Ah pois é… então a enxugar as lágrimas, arregaçar as mangas, armar-se de força e coragem e dar o primeiro passo…

Eu dei o meu primeiro passo e quando dei conta, o meu sonho, ou parte dele, estava ali, a minha frente. Um espaço lindoooo, com as cores que adoro, com tudo o que as minhas filhas adoram (foram as minhas principais conselheiras de projeto). A Glam & Sweet é parte deste sonho gigante de entregar felicidade, em forma de Festas, de doces, de empatia e companhia, de convivio saudável. Um espaço que apoia o empoderamento feminino, porque estou confiante que podemos mudar o mundo. Juntas conseguimos, apoiando-nos de forma sincera. Juntas somos mais fortes!!!

Por isso senhora, menina, criança leitora: Que espera para dar o seu primeiro passo? Vamos ter coragem, estamos por aqui se quiser uma força extra.

Rapazes, amem as vossas mulheres. Se as querem ver felizes, estejam ali, presentes, especialmente no primeiro passo pois este é sem dúvida o mais difícil.

Gosto muito de vocês.

 

Sejam felizes.

 

De mim, Glam.